ESPECIAL EAD – Respeito ao meio ambiente e resgate de culturas
Em algum momento da viagem de acompanhamento e monitoramento das ações em seis polos presenciais de Educação a Distância do Campus Amajari, uma das famosas frases de Albert Einstein, “a mente que se abre para uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original”, foi lembrada por um dos alunos do curso subsequente de Técnico em Agropecuária.
Mas foi lembrada como fala de um dos professores em sala de aula, como forma de motivação. É dessa forma que a mente de mais de 100 estudantes chega à reta final do curso técnico, depois de um ano e meio de encontros presenciais, a maioria deles feitos duas vezes ao mês (quando os recursos não estavam contingenciados) e de aulas práticas realizadas dentro da realidade de cada polo.
Com previsão de formatura para março de 2020, os componentes curriculares ajudaram a mudar mentes acostumadas a hábitos seculares, como deixar de tocar fogo para plantar e “limpar a terra”, para preservá-la e usar o material como adubo orgânico. O respeito ao meio ambiente saiu do discurso para fazer parte do dia a dia de muitas famílias desses estudantes.
Esse é o caso da aluna do polo da Comunidade Indígena do Truaru da Cabeceira, em Boa Vista, Ederaima Matias da Silva, que diz ter aprendido muito sobre a importância de preservar o meio ambiente e que está repassando esses ensinamentos. Já explicou para a mãe e a tia que o fogo “acaba com a terra” e que as folhas queimadas viram adubo orgânico. “É muito importante manter a natureza no seu perfeito estado”, comentou.
O curso também despertou o desejo de resgatar um costume muito comum, mas pouco visto atualmente: a utilização de plantas medicinais para tratar doenças. A aluna do polo da Raposa, Município de Normandia, Esdras Raposo, 41, da Comunidade Indígena do Napoleão, é apaixonada por plantas. Ela decidiu utilizar o aprendizado do curso para fazer uma horta de plantas medicinais no posto de saúde da comunidade onde vive para ajudar os irmãos indígenas.
No começo do curso técnico, Esdras queria apenas aprender as técnicas para praticar em casa, mas decidiu ir além e ajudar a comunidade dela resgatando o uso de plantas medicinais no tratamento de doenças. “Vejo que a população só utiliza remédios de posto, e antigamente, nós, indígenas, os nossos pais, usávamos muito as plantas medicinais. E, quando entrou a outra medicina (remédios de farmácia), foram deixando, e quero resgatar essa cultura”, explicou, acrescentando que um espaço já foi preparado atrás do posto, para, em breve, tirar o projeto do papel.
No polo de Uiramutã, encontramos a aluna Jocivania da Silva Oliveira, que faz graduação em Ciências da Natureza e que se identificou com o estudo de horticultura. Ela construiu uma horta em casa, com plantações de tomate, cheiro-verde, couve, alface, que virou até point de visitação de alunos da escola ao lado da casa dela.
Jocivânia comenta que já produzia, mas que antes desconhecia as técnicas corretas. “Estou colocando em prática tudo que aprendi, e estou amando produzir. Os produtos são de qualidade porque são produzidos na técnica. Deu bastante tomate, e a gente nem gastou mais comprando tomate”, disse.