PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS – Mais 172 imigrantes estão sendo capacitados

por Virginia publicado 11/04/2019 21h37, última modificação 11/04/2019 21h37
A unidade oferta, desde o mês de março, cinco turmas de português para imigrantes sendo: três turmas do curso de Português Básico e duas turmas do curso de Português Intermediário.

O Campus Boa Vista do Instituto Federal de Roraima (CBV-IFRR) dá continuidade à execução da Política de Extensão, com foco no atendimento aos estrangeiros, que precisam aprender a língua portuguesa para facilitar o acesso ao mercado de trabalho.

A unidade oferta, desde o mês de março, cinco turmas de português para imigrantes sendo: três turmas do curso de Português Básico e duas turmas do curso de Português Intermediário, com um total de 172 alunos. Os cursos têm carga horária de 50 horas e as aulas são ofertadas diariamente, sempre nos turnos da tarde e noite.

Com a recente crise migratória na Venezuela, o campus tem recebido diariamente imigrantes interessados em aprender português. Junto com os venezuelanos, pessoas de outras partes do mundo também procuram a unidade. Desde 2017, quando começou a ofertar cursos de português para estrangeiros, nas modalidades básica e avançada, o CBV já certificou cerca de 200 imigrantes. A maioria é de venezuelanos, mas imigrantes do Haiti, França e Guiana também são frequentes nesses cursos.

Juliana da Silva Morais, professora do curso de Português Básico para Estrangeiros tem vasta experiência com os imigrantes, ela já atuou em outras turmas, desde o início do projeto em 2017. “Trabalhamos com base nas principais dificuldades deles, que é a compreensão da fala e a oralidade, para depois aperfeiçoar a escrita. A partir desse curso eles terão melhores condições de inserção social e de empregabilidade, já que a maioria ainda não conseguiu uma colocação no mercado. Além disso, eles melhoram sua autoestima, sentindo-se mais aceitos, diante da condição de refugiados. Portanto, essa ação é, sobretudo, um trabalho social que tem a intenção se acolhê-los”, explicou Juliana.

O venezuelano Cezar Bacilio Uroza é professor de música e está no Brasil há oito meses. Ele diz que a língua portuguesa é bem mais complexa que o espanhol, então precisa estudar para aprender a falar e escrever no novo idioma. “O português é mais complexo que o espanhol, pois há muitas acentuações e diversas regras, então para compreender, escrever e falar bem, precisamos estudar. O curso é excelente, recebemos o material completo para as aulas, inclusive cadernos, e o conteúdo é bem completo”, ressaltou Uroza.

Ele enfatiza ainda que a partir do aprendizado da língua, poderá se comunicar melhor, o que o ajudará a conseguir um emprego. “Tenho realizado alguns trabalhos esporádicos, mas meu objetivo é conseguir um emprego fixo, para que eu tenha condições de trazer minha esposa e filha que ficaram na Venezuela. Como professor de música, para mim é importante falar melhor português para poder ensinar as pessoas”, disse.

Maria Goretti Cinco Ferreira, também é venezuelana e está há um ano em Roraima. Como microempresária do ramo de segurança eletrônica, ela vê nos cursos de português uma das alternativas para melhorar a comunicação e assim melhor atender aos seus clientes. “Precisamos não só falar bem o português, mas escrever, para que tenhamos uma vida normal em sociedade. O curso é ideal porque os professores focam na prática do dia a dia, ou seja, naquilo que realmente vamos precisar para a comunicação cotidiana. E principalmente porque não pagamos nada, pois para nós que estamos começando uma nova vida no Brasil é importante termos esse apoio das instituições”, disse.

Segundo a diretora-geral do CBV, professora Joseane de Souza Cortez,  a instituição tem procurado implementar diversas ações voltadas às minorias e às pessoas em situação de vulnerabilidade social, neste caso os estrangeiros. “No desenvolvimento de ações com migrantes, o CBV cumpre uma de suas principais metas, ou seja, seu compromisso social e educacional, que é a garantia do acesso ao conhecimento de populações em vulnerabilidade. Ao desenvolvermos estes cursos aprendemos muito, pois além da oportunidade de integração e respeito à diversidade cultural e linguística, oportunizamos aos acadêmicos das licenciaturas vivências concretas para além de sua formação. Além deste conhecimento em português, temos oportunizado conhecimentos relativos à gestão, ao empreendedorismo, às relações interpessoais e outros temas importantes”, relatou Joseane.

O pró-reitor de Extensão do IFRR, professor Nadson Castro dos Reis, também ressaltou a importância dos cursos para o cumprimento da Política de Extensão. “O Instituto Federal de Roraima, por meio dessa ação de extensão, contribui com as esferas governamentais no atendimento aos imigrantes, envolvendo servidores técnicos-administrativos, professores e alunos dos cursos de licenciatura, em projetos de cunho social. Após a conclusão desses cursos é possível perceber a mudança na condição de vida dos imigrantes, com a melhoria de suas condições de comunicação e inserção no mercado de trabalho. Eles representam um importante indicativo por meio do qual podemos avaliar o impacto social que a instituição tem promovido, por meio da extensão”, destacou Reis.

 

Virginia Albuquerque
CCS/Campus Boa Vista
11/04/19